O “novo normal”

Enquanto as tensões aumentavam nos Estados Unidos após o joelho de um policial branco ter pressionado o pescoço e sufocado George Floyd até a morte, os manifestantes receberam um apoio inesperado: o setor privado americano. Empresas como Nike, Twitter e Citigroup se alinharam ao movimento Black Lives Matter. A Netflix postou na sua conta no Twitter no sábado: “Ficar em silêncio é ser cúmplice. Vidas negras são importantes. Temos uma plataforma e temos o dever de divulgar nossos membros, funcionários, criadores e talentos negros.”

Este foi o início de uma matéria do Estadão desta semana.

Isso é novo. Marcas se posicionando sobre assuntos polêmicos? Nunca. O marketing tradicional orienta às marcas a se movimentarem como água em pedra, como se diz. Sem causar conflito, impacto, no que tange afronta. Afinal, em meio a um mundo de diversidades, com posicionamentos claros, agradaremos à alguns, mas não à todos.

Mas isso não é realmente uma verdade? Nem todos usam camisetas ou investem altos valores em roupas esportivas. Alguns colocam grande parte do seu poder de compras em roupas sociais, outros em sapatos de salto altos, outros em comida orgânica, outros em bons vinhos. Já não estamos segmentados há tempos?

O medo das marcas em servirem para alguns e não para todos caiu de moda. As grandes já acreditam que se posicionar às humaniza, criando relações de verdade, leais e vulneráveis com seus consumidores. Afinal, relações reais só se criam em ambientes humanizados e francos. E as marcas chegaram a esta conclusão.

Do dia 25 de maio, dia do episódio que culminou na morte do negro americano por um policial branco, várias marcas e personalidades mundiais se posicionaram fortemente contra a ação da polícia e, de uma forma geral, à favor dos movimentos negros. E não foram poucas, o que é um sinal de que sim, o mundo está mudando e se posicionando.

Não se constroem relações vivendo encima do muro. As marcas estão dizendo o que pensam, assim como as pessoas. E, de verdade? Isso é muito bom.

Louca para ver o reflexo disso na comunicação. Mais honesta e clara, mais humana. Com marcas realmente vivas. E este talvez seja o tal “novo normal” que estamos construindo para o nosso presente breve, na relação de consumo. Já estou gostando:)

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